Adeus Santa Tereza
Meu vilarejo do torrão natal
Faz tanto tempo que nos despedimos
Na minha busca de um novo ideal
Na ânsia de ganhar caminhos
Igual a tanto fui pra capital
Achei meu rumo, mas sempre que posso
Volto ao meu cocho pra comer meu sal
Já fui cancheiro e manteador de charque
Na dura lida de uma infância pobre
Neste trabalho enriqueci minha alma
No sofrimento a gente se descobre
Nas madrugadas do tempo de moço
Ainda me vejo chimarreando só
Ouvindo a tropa refugando o brete
Sentindo o cheiro de suor e pó
Eira, eira, eira, não tive um pingo para ser tropeiro
Eira, eira, eira pra não ouvir o berro derradeiro
Se faltar vaga vou changuear no povo
Pois não me serve ser marreteiro
Adeus Santa Tereza
Meu vilarejo do torrão natal
Velha charqueada minha companheira
Em minha vida foste um sinal
Sempre que eu via ir um boi pro corte
Um berro triste e a marreta cai
Me preocupava com apropria sorte
Quem pode manda, quem não pode vai
Estas lembranças de Santa Tereza
Tem no trabalho principal razão
Ali ganhei o meu primeiro emprego
Comeu suor o meu primeiro pão
Fui changueador em tantas outras partes
Em São Domigos, Chispal e San Martim
Mas o meu verso pra Santa Tereza
É uma saudade que ainda vive em mim